Tony Carreira concedeu a primeira grande entrevista após a morte da filha, Sara Carreira, a Manuel Luís Goucha. A entrevista, foi exibida a 17 de maio. Uma entrevista intimista, carregada de emoções, onde o cantor abriu o seu coração e falou da perda da “mulher da sua vida”.
Para Manuel Luís Goucha esta foi a entrevista mais difícil da sua vida. Esta quarta-feira, 26 de maio, o apresentador partilhou um texto onde desabafou sobre a entrevista a Tony Carreira. O texto foi partilhado no editorial da MC News, Manuel Luís Goucha abriu o coração e falou sobre o quanto foi difícil fazer a entrevista, visto a amizade que nutre pela família Carreira.
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“A informação chegou-me há uns dois meses, no decorrer de uma reunião marcada para tratar de assuntos relativos ao programa das tardes: “O Tony, quando se sentir capaz, é contigo que quer conversar”. Calei-a, como quem protege um segredo, desejando no íntimo que fosse o mais tarde possível, consciente da importância mediática que tal conversa assumiria, mas igualmente do doloroso que seria mexer numa vida suspensa, num vazio que cresce.” começou por dizer.
“Procurei esquecer o assunto, no afã diário de conhecer outras histórias de vida, que é isso actualmente que me traz à pantalha, sendo que, nesses casos, independentemente da empatia que procuro sempre estabelecer, existe o distanciamento e a racionalidade que julgo necessários à condução de uma conversa. Soçobrar ao peso da narrativa, desviando as atenções para quem questiona, é coisa que não desejo, por entender que protagonista é quem se me apresenta em toda a verdade. Levei algum tempo a compreendê-lo já que, sendo este um ofício de egos, é fácil “perder-se a tramontana” em práticas de oca vaidade.” contou Manuel Luís Goucha.
“O dia chegou depois de uma noite de luar apagado, horas pesadas e inquietas. Não havia como fugir, era chegado o momento de cumpliciar a dor de um pai que morre na morte da sua filha. E, tendo-lhe uma estima de tantos anos, como fazê-lo senão com o coração? Daí que tivesse sido uma conversa em ferida. De todas, a mais difícil. Perante mim, um amigo amado, grande na sua vulnerabilidade. Foi uma conversa de olhos molhados, silêncios que doem, gritos que vibram na alma. Era deixá-lo ir, apenas isso e tanto era, ao ritmo da memória que não se apaga, de gestos que são revolta ou prece, das sombras que amaldiçoam. Uma dor lenta e salgada em cada palavra, pântano onde naufragámos. Que destino é este que nos cobre?” questionou o apresentador.
“As palavras ganham viço quando se fala da Associação agora criada. Será ela a dar rota aos sonhos de muitos jovens, perpetuando assim a luz da Sara. E logo a lembrança faz com que os olhos entornem a saudade.“
“Foi conversar sem princípio nem fim. Foi estar, seguindo-lhe o pensamento e dando-lhe a mão. Perdi a noção do tempo, achando desnecessárias as palavras quando o silêncio era maior. Acabei só naquela manhã líquida e foi naquele abraço, que não quis castigar em nome das regras de segurança a que somos aconselhados e julgando que as câmaras já se tinham desligado, que me salvei.” rematou Manuel Luís Goucha.