Goucha abriu o coração e falou pela primeira vez da perda da sua mãe.
Manuel Luís Goucha fez uma última homenagem à sua mãe nas redes sociais este sábado, 17 de agosto. Uma semana depois da perda da sua mãe, Maria de Lourdes Sousa, que faleceu aos 101 anos, a 9 de agosto, Manuel Luís Goucha, falou abertamente da progenitora, da sua morte e ainda partilhou com os seguidores uma carta que a mãe lhe deixou a ele e ao irmão.
“Devido às minhas funções profissionais, eu sou uma figura conhecida há mais de 40 anos e por isso tenho uma exposição pública maior que a maioria das pessoas. Por isso mesmo, e desde que tenho redes sociais, eu tenho partilhado não só muitos aspectos, muitos momentos felizes da minha vida profissional enquanto apresentador de televisão, mas também alguns aspectos da minha vida pessoal, ao lado do meu companheiro, o Rui”, começou por dizer o apresentador da TVI.
“Sempre entendi que a dor é uma coisa muito íntima e por isso mesmo não é partilhável. Esta foi a razão que levou a que nada publicasse durante a última semana sobre a partida da minha mãe. Faço-o hoje. E faço hoje porque para já quero agradecer do coração as inúmeras, inúmeras mensagens de carinho que eu fui recebendo ao longo desta semana nas minhas redes sociais. Depois porque estou muito grato à vida por me ter dado a minha mãe durante 69 anos.“, acrescentou Manuel Luís Goucha.
Manuel Luís confessou de seguida que hoje já consegue falar de forma serena da sua mãe e por isso decidiu fazer uma bonita partilha sobre a progenitora com os sseguidores: “Hoje eu sinto-me mais sereno para falar da minha mãe. Oito dias após a sua partida. Eu estou a falar-vos de uma mulher que aparentemente, e já vão perceber porque é que eu digo aparentemente, aparentemente não era uma mulher de afectos. Não era uma mulher de afetos, não era uma mulher de toque, tal como eu não sou. Não era uma mulher de beijos, dava um ou outro beijo, mas de modo fugidio. Não era uma mulher de abraçar. E eu sempre procurei entendê-la. Porque estamos a falar de alguém que nasceu em 1923, há 101 anos”.
Goucha prosseguiu contando um pouco da história de vida da sua mãe, Maria de Lourdes, que saiu da casa dos seus pais aos 17 anos e se tornou independente trabalhando como manicura toda a sua vida, em Lisboa e mais tarde em Coimbra, num conhecido salão. “A minha mãe foi sempre senhora da sua vida (…) e foi senhora da sua morte.”, disse o apresentador da TVI.
Manuel Luís revelou de seguida que a sua mãe lhe deixou uma carta que tinha sido escrita há mais de 20 anos, para que ele e o seu irmão a lessem só quando ela partisse: “Surpreendentemente deixou-nos uma carta que tanto eu como o meu irmão desconhecíamos existir. Esta carta foi escrita em 2003, portanto há 21 anos, no dia 8 de maio de 2003, perdão no dia 8 de junho de 2023. Apenas o neto Filipe, o seu neto mais novo sabia da existência desta carta endereçada aos filhos“.
“A minha mãe ter-se-á sentido mal na noite de 8 de junho de 2003. Então resolveu, talvez pensando que iria morrer, resolveu escrever uma carta para os filhos. No dia seguinte, confidenciou com o neto Filipe. Partilhou este segredo e pediu-lhe para que a carta só fosse aberta após a sua morte. E assim aconteceu. No domingo passado, o Filipe vive aqui na zona da Alcochete, com a sua mulher, com os seus filhos. Foi a Coimbra, claro, para se despedir da avó e para estar presente nas cerimónias fúnebres. E lembrou-se, eu não sei se ele ter-se-á esquecido da existência desta carta, o que é certo é que guardou este segredo durante 21 anos. Ou então lembrou-se que existia esta carta e foi à procura dela à casa da avó. Vasculhou tudo, ele confidenciou-me na passada terça-feira, vasculhou tudo e chegou mesmo a pensar que talvez isto fosse apenas fruto da sua imaginação. Tivesse imaginado que a avó tinha escrito uma carta e partilhado com ele um segredo. O que é certo é que a encontrou numa última gaveta da cómoda do quarto e dentro de uma agenda. E lá estava a carta para os filhos. Uma carta de amor. Surpreendentemente, uma carta de amor. O amor que nunca havia verbalizado em vida. Eu julgo que hoje estou capaz de a partilhar consigo.”, contou Manuel Luís.
Manuel Luís Goucha partilhou de seguida a carta que a mãe lhe escreveu a ele e ao irmão: “Meus filhos, Manuel Luís e Carlos Jorge, quando morrer eu quero ser cremada. Mais uma vez vos peço, quero ser cremada e deitem as minhas cinzas ao mar porque eu sou da terra dos pescadores. Estarei sempre com vocês. E peço que não sofram com a minha partida, mas não se esqueçam de mim. Eu sempre vos amei muito. Foram a minha alegria, foram a coisa mais linda e melhor que eu tive na vida, eu por vocês daria a minha vida. Sejam amigos. E de vez em quando pensem na vossa mãe e mandem-me um beijo, que eu recebo-o onde estiver e também vos mandarei muitos. Para vocês, meus filhos, para os meus netos, para a Isabel e para o Rui, muitos beijos, adeus até um dia. Eu estarei sempre ao pé de vocês, que eu recebo onde estiver. E também vos mandarei muitos. Para vocês, meus filhos. Para os meus netos. Para a Isabel. E para o Rui. Muitos beijos. Adeus até um dia. Eu estarei sempre ao pé de vocês. E peço adeus por vocês, meus filhos. E pelos meus netos. Muitos beijos e até sempre.“
Após ler a carta da sua mãe, Manuel Luís Goucha rematou: “É a minha mãe a surpreender-nos após a morte. E eu tenho a certeza que ainda me vou surpreender muito mais. Eu sei que há muitas histórias que ela partilhou apenas com o Rui. Não sei se algum dia eu vou conhecer essas histórias. Eles eram muito amigos. Mas eu sinto que o Rui é guardião dessas memórias. E possivelmente… Não, mas vai passar por respeito à minha mãe. Um beijo, mamã e obrigado.”
Veja o vídeo com a partilha emotiva de Manuel Luís Goucha: